quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

A Geminiana voraz que lutava contra o seu próprio tempo...



Sarah.

A Sarah é o meu ponto de colisão, uma metamorfose no meio do caminho que me faz esgueirar meus sentimentos infinitos e pensamentos contínuos para perto dela ora sim, ora não. Ela rema comigo, permite a nós duas o alcance inevitável de gotículas de desejos mal interpretados.
Sarah me subestima.
Sarah me instiga.
Porém não sei bem o que sinto por Sarah. Até bem pouco tempo a tinha de certa forma, mas ela não tinha um sentido pra mim, uma forma, uma personificação, era apenas uma imagem com várias ideias que giravam na minha cabeça e me deixava tonta.
Sarah não tem controle.
Sarah transmite, mas pouco absorve e quando consegue sugar algo, ela leva tudo, traga como um buraco negro, seu magnetismo é intenso, a sua gravidade é complexa.
Sarah não confiável é como uma viúva negra que depois do ato sexual se alimenta de seu parceiro que agoniza, sem hesitar.
Sarah é boa, é leve como uma pluma, mas anoitece como o céu e seu lado obscuro dá medo, pois dele nunca sabemos muito bem o que esperar. Suas nuvens cinza pensam, molham, desabam. Ai de quem fique sob elas!
Não gosto exatamente da Sarah, talvez goste ou me sinta ligada de certa forma, a um tipo de energia que a relação que surgiu entre nós deixa solta no ar. Ela me causa umas epifanias esquisitas, umas ânsias confusas, uns impulsos coloquiais e sequelados. Mas todo seu efeito é brando, ainda que se mostre um tanto febril às vezes. Não saberia muito bem explicar. Eu só não sei quem ela é. Não sei se a acho bonita, interessante, envolvente, instigante ou apenas uma pessoa que me despertou pra um novo tipo de vida, uma nova etapa, diferente daquela em que vivia antes de beijá-la. Mas por que nos beijamos? Há explicação para uma coisa desse tipo?
Me flagrei pensando nela ontem, e hoje mais cedo, sabe, ela não me despertava uma grande libido, nem me fazia almejar em alimentar grandes sonhos e ilusões ao seu lado como de “praxemente” eu faria. Acho que no fim ela não tem importância alguma, nós não temos importância alguma e muito provavelmente não tenhamos que de fato acontecer, mas nesse vão que nos espreita, percebo que algo nos joga uma para outra, nos aproxima irrestritamente, em situações desconexas, sem nexo e num mundo paralelo que antes classificávamos como nosso. Só nosso.
Como boa virginiana que sou tento descobrir quem somos e para onde vamos, mas não sei, ando acelerada. É possível que eu vá e chegue aos lugares antes dela, pois a mesma ainda não decidiu a direção que quer tomar e nem se vai sair mesmo do lugar de onde está. Eu já resolvi, aqui não fico mais, ficar parada enferruja a alma, preciso caminhar dentro da minha cabeça, preciso caminhar do lado de fora do meu mundo. Preciso parar de mentir para mim e não ter medo do desconhecido.
Sarah pode ser um bônus ou um obstáculo. Depende da forma como eu a interpretar. Ora ela me apraz, ora ela me perturba demais. Seria isso um aviso, um presságio do que estamos fadadas a ser? Queria acreditar mais no destino e menos nas minhas teimosias, pois quando teimo e cismo com algo que para mim é quase que visceral, é quase uma urgência experimentá-lo, tê-lo, saboreá-lo mesmo que em minha boca venha o gosto de fel misturado com sangue.
Estou auspiciosa, estou crente, estou muito mais audaciosa que antes, menos inerte, mais inquieta, sedenta, rebuscada.
Sarah tem, Sarah dá.
Sarah não tem, Sarah não dá. É simples, lógico e objetivo, como ela mesmo se apresenta...   Pelo menos seria bom se fosse.
Cartões de visita nem sempre mostram a realidade a que se pode de fato ficar exposto.
Sarah é uma taquicardia.
Sarah é uma bradicardia.
Sarah é uma pessoa jovem, menina, mulher, selvagem,  geminiana com força, talvez filha de algum orixá ligado à natureza, pois ela exprime isso nos olhos, é totalmente do mundo e por medo de vagar acha que precisa sentir-se presa a outras energias terrenas. Alguém diga a ela que uma vez que as escolhas são feitas, o final das histórias são alteradas, os caminhos mudam e os destinos se modificam. Tudo é sinônimo pra justificar o uso ordinário do livre-arbítrio.
Sarah vence.
Sarah perde.